Vale dispensa água em novos projetos na mina Carajás
A mudança ocorre em função da perspectiva apresentada por Agnelli sobre a intenção da Vale de fazer o processamento mineral a seco - com a eliminação do uso da água, utilizando a própria umidade do minério para peneirar o insumo, com a consequente redução dos polêmicos dejetos (sobras minerais) em barragens. "Projetos que já estavam com a rota tradicional de beneficiamento definida (com uso de água para a separação do minério fino do grosso, o chamado peneiramento) voltaram para a prancheta. Será introduzida a técnica de peneiramento à umidade natural do minério", diz o engenheiro de ferrosos José Anselmo Campos.
O processamento a seco marca o sucesso de investida iniciada em 2008 pela empresa, envolvendo a limpeza de grãos de minério em sua maior mina - Carajás responde pela produção diária de 300 mil toneladas do insumo siderúrgico e cerca de 36% de todo minério vendido anualmente pela mineradora. Hoje, entre 50% e 80% do montante diário é processado sem o uso de água. Inovação de peso para o setor, comemorada como uma revolução de engenharia. "A literatura especializada dizia que o peneiramento de minério sem água seria critico ou inviável", diz Campos.
Segundo o engenheiro, a inovação foi conseguida graças ao desenvolvimento de uma nova tecnologia de procedimento.
Ao invés de introduzir água para facilitar a separação de minério, o novo processo permite utilizar a umidade natural do mineral bruto. A separação do insumo fino do grosso acontece a partir da aceleração da velocidade de peneiramento.
Novidade que exigiu estudo apurado para minimizar a pressão exercida pela força da gravidade. "O projeto quebrou uma série de paradigmas da indústria mineral. Os fornecedores tiveram que mudar a forma de pensar. Foi preciso fazer um reforço estrutural nas máquinas com um sistema de rolamentos para aumentar a durabilidade do equipamento, que trabalha em condições muito severas de aceleração, afirma Campos.
Simplificando a eficiência
O desafio foi experimentar novos tipos de materiais para fabricar peneiras antes feitas somente de metal. O material agora é produzido de poliuretano e borracha. As peças também receberam furos diferenciados para granular o minério sinter feed, cuja proporção varia entre 0,12 e 0,15 milímetros (mm) - granulação superior ao ultrafino pellet feed, com dimensão inferior a 0,12 mm. "Tivemos que alterar alguns parâmetros operacionais das máquinas. Também desenvolvemos acessórios que não existiam no mercado, como barras cilíndricas e retangulares para auxiliar o peneiramento."
A alteração rendeu índice de eficiência global de equipamentos 4,8% superior ao processamento à base de água, conforme parâmetros definidos pela Vale. Como resultado, cada uma das oitos linhas de peneiramento a seco de Carajás consegue produzir diariamente mil toneladas a mais do que as nove linhas à água.
Campos aponta como positivos os ganhos ambientais de Carajás. "Os novos projetos não terão mais barragem de rejeito. Isso é fantástico, porque recupera o minério (antes alocado nas barragens, que agora pode ser processado com granulação maior), reduz o consumo de energia e de água."
OTIMIZAÇÃO PRODUTIVA
Redução de equipamentos derruba custo operacional
O ganho de eficiência em Carajás é resultado da otimização da área de produção, com a diminuição do número de equipamentos e, consequentemente, o aumento do espaço para armazenar o minério de ferro processado na própria linha de beneficiamento. O procedimento a seco conta com apenas uma peneira ciassificadora, responsável pela limpeza do minério, enquanto a linha à água precisa de bombas e tubulações para circular o recurso hídrico, classificador espiral, peneira ciassificadora e desaguadora - além de baterias de alimentação de energia. A melhoria na disposição das máquinas resultou na redução de 38% nos custos da manutenção semestral. "A simplificação do processo permite utilizar os equipamentos por mais tempo, o que aumenta a produção", diz o engenheiro de terrosos da Vale, José Anselmo Campos.
GANHOS DA VALE COM O PENEIRAMENTO A SECO
1 - Torneira fechada diminui conta de água
Com 8 linhas de peneiramento a seco em Carajás, a Vale está eliminando o uso anual de 19,7 milhões de metros cúbicos de água. O fechamento da torneira na mineradora corresponde ao consumo médio de uma cidade com cerca de 430 mil habitantes.
2- Menos equipamentos píugados na tomada
A redução no consumo de energia representa uma economia anual de 18 mil megawatts. Redução proporcionada pela retirada de bombas e outros equipamentos agora desnecessários para peneirar parte do minério de ferro extraído de Carajás.
3- Custo menor, produção maior
Com menos máquinas nas linhas em seu maior polo de extração de de minério, a Vale consegue ganho operacional médio na sua capacidade produtiva de até 8 mil toneladas por dia. Rendimento 4,8% superior ao da linha de peneiramento a seco.
http://saladeimprensa.vale.com/pt/versao_impressao/prt_detail.asp?tipo=1&id=19727
Fonte: Brasil Econômico